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"A Ecologia de Monet". Estão te entregando um peixe podre enrolado em papel de presente

Atualizado: 30 de jul.

Claude Monet, " En Canot sur l'Epte" 1890,     (133,5 x 146 cm)
Claude Monet, " En Canot sur l'Epte" 1890, (133,5 x 146 cm)


Acabei de voltar da tão falada Exposição das obras de Claude Monet no Masp (em cartaz ate agosto de 2025) e foi um misto de sensações. Obras tão maravilhosas, todas juntas, lado a lado tomando conta do primeiro andar da casa de Lina Bo Bardi, um museu que surgiu da ideia de Assis Chateaubriand e nos dias de hoje, foi infelizmente sequestrada por uma militância que traveste a verdadeira "Arte" para que ela sirva apenas aos seus interesses e ideologias. E essa é a triste parte .


A ideia museografia do tema da Exposição me soou "estranha" desde o primeiro momento em que ouvi. " Ecologia"? Monet? Qual é essa relação que eu nunca escutei falar?

Ao folhear a primeira página do catálogo já entendi. Está lá com todas as letras. " Trata-se de um tema central no debate contemporâneo, MUITO ALÉM DA ARTE, e por isso merece nossa atenção".

Ora, mas se esse é o critério, quem sabe poderiamos ter exposições como " Degas e a taxação do governo Trump" ou então "Paul Gauguin e o bombardeio na Faixa de Gaza" entre inúmeras outras ideias.

Essa "estratégia" diz muito mais sobre a cooptação do sistema cultural do que com Monet em si, que nunca teve esse olhar ou viés como caracteristica de sua obra, muito menos em sua vida pessoal.


Como nada é tão ruim que não possa piorar, no mesmo texto introdutório, o presidente do Masp relata que a " inspiração" veio de um livro chamado " From Corot to Monet: The Ecology of Impressionism" que já comecei a ler na esperança de, esse sim, fazer algum sentido e que eu possa vir me retratar em outro texto em breve ( sinceramente, não tenho tanta esperança assim).

O próximo texto do catálogo, de autoria de Fernando Oliva, descreve como " Em um momento em que o mundo atravessa uma crise climática de proporções inéditas (sic), os termos " meio ambiente" e " ecologia" ganharam novas dimensões, tatno no campo das ciências do clima como na da história da arte" .... " evocando uma postura política, de militância, em defesa de ações cotidianas que possam fazer frente ao problema"

Mas não se engane, a idea da exposição não é trazer ações que voce possa fazer para "ajudar o planeta" ( nenhum canudo de plástico foi machucado durante essa escrita).

Uma das frases mais aleatórias e sem a menor relação , me parece a justificativa de que " Atualmente há climatologistas que estudam a história da arte e historiadores da arte que que pesquisam mudanças climáticas " ( Sim, leia o argumento novamente).


Sim, chegamos a um momento em que cometemos o mais bizarro dos erros, o de olhar o passado com os olhos do futuro. Algo que por si só desmorona TODA A HISTORIA DA ARTE, e talvez por essas condutas, alguns filosofos e historiadores da arte argumentaram que "a HISTORIA DA ARTE MORREU" mas ainda existem "obras de arte".

Esse erro clássico esteve sempre presente no ensino da história da arte desde o momento em que o conceito " arte" foi empregado em civilizações e momentos historicos passados, onde nao tinha a mesma conotação dos tempos atuais.

Entendemos "arte" como a contemplação de manifestação e expressâo humana, geralmente com finalidade estetica, e fica claro que dentro deste prisma não podemos levar o termo "arte" para analisar esculturas de gatos do Antigo Egito, pois não se tem conhecimento do uso estetico dessas obras e sim de seu cunho religioso. Seria como julgar hoje uma imagem religiosa sob o aspecto formal e artistico dela, sendo que essa nao e a sua função, sendo ela uma ponte entre os mundos visíveis e invisíveis.

Olhar a obra de Monet sob a moldura da " ecologia" é algo completamente aleatório e arbitrario e não me surpreende que em breve poderemos ter exposições como " Leonardo da vinci e a mobilização LGBTQIA+" ou então " A vida Vegana de Cleópatra" em museus ao redor do mundo.

A Arte passa por um momento muito sombrio desde o pós-modernismo e isso gerou o desinteresse da população. Uma conversa apenas entre os " iniciados" construida justamente com a intenção de deixar de fora o grande público..

Essa exposição se trata de um grande CAVALO DE TROIA, tentando trazer questões atuais (que eu particularmente achava que até haviam sido resolvidades e identificadas apenas como grande estratégia para fugir dos temas realmente relevantes a humanidade) a uma olhar de 150 anos em que esses termos ainda nem existiam.

Se você for visitar, o que eu RECOMENDO IMENSAMENTE, apenas passe reto por esse viés e se deixe ser conduzido apenas PELO QUE O ARTISTA realmente quis dizer, o que REALMENTE ESTÁ EM SUA OBRA e não pela mediação dos "pastores da arte" que tentam conduzir os "fiéis" pela sua agenda e interpretação " mais realista que o rei" das "escrituras"

 
 
 

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